Várzea Alegre: Colecionador possui mais de três mil marcas de cachaça

Depois de receber um litro de aguardente de presente de um amigo, em 1998, o empresário Dakson Aquino teve a ideia de começar um hobby que é praticado por milhares de pessoas em todo o mundo: colecionar.

Hoje, a coleção de cachaça reúne três mil e 200 exemplares de rótulos diferentes e é uma das maiores do Nordeste. A cada mês, aumenta a quantidade de garrafas adquiridas no Brasil e do exterior.

O empresário já começa a achar a casa pequena para
toda a coleção (FOTO: HONÓRIO BARBOSA)
Determinado, Dakson Aquino não pretende encerrar a coleção. Duas estantes instaladas na sala de visita da casa há tempo estão lotadas de garrafas de cachaça. Outros exemplares são guardados em caixas em um depósito improvisado. É preciso paciência para limpar, conservar e arrumar os litros. Isso, o colecionador tem de sobra, pois não lhe faltam gosto e zelo pelo que faz. “O segredo é persistência e paixão”, ensina.

A garrafa de cachaça dada de presente pelo amigo tinha um caráter de gozação. “Eu não bebo e o presente foi para me provocar, foi uma brincadeira”, relembra Aquino. “Guardei a garrafa e dias depois me veio a ideia de fazer um barzinho e comprar outras bebidas para servir às visitas”, lembra.

O bar foi encomendado a um marceneiro da cidade e, meses depois, Aquino teve outra ideia que se tornou uma fixação: iniciar a coleção de garrafas de cachaça. “Comecei a pesquisar na Internet, conversar com outros colecionadores e adquirir publicações afins”, disse. “Tomei gosto e tornou-se um hobby”.

Coleção

Além de cachaças fabricadas no Brasil, a coleção reúne produção oriunda de Portugal, Uruguai, Paraguai e Venezuela. O exemplar mais antigo é a aguardente “Tentadora”, fabricada em 1945, na Fazenda Santa Terezinha, na cidade de Altos, Piauí. Há aquelas que são raridades. A caninha “Pelé”, que era fabricada em Sorocaba, interior de São Paulo, é um exemplo. Estima-se que só há seis exemplares no Brasil. Em 1958, depois do Brasil tornar-se campeão do mundo na Suécia, o jovem atleta preferiu não ver a sua imagem associada à bebida alcoólica. “Comprou a produção e destruiu as garrafas”, contou Aquino.

Na estante, o colecionador mantém duas garrafas de aguardente “Ypióca”. “São peças raras porque são garrafas antigas, de 600ml, e não de litro”, explica. Outra raridade é uma garrafa de Cachaça Havana, produzida em Salina, Minas Gerais. Após uma querela judicial internacional, houve decisão de impedimento de uso do nome comercial. O fabricante manteve a mesmas cores e designer do rótulo, mas com novo nome – “Cachaça Anísio Santiago”, a antiga Havana, se tornou um mito. É apontada como a mais cara do Brasil.

A cada dia, Aquino tem o desafio de ampliar a coleção, adquirindo ou recebendo de brinde, novos exemplares. “Isso é o que move o colecionador”, explica. “Os amigos viajam e trazem novos itens de diversas cidades do Brasil e de outros países e faço compras pela Internet”.

Em casa, o colecionador tem o apoio integral da esposa, Wandernaid Freire Aquino. “Ajudo no serviço de limpeza e arrumação”, contou. “O nosso projeto é construir um espaço fora de casa, de visitação, degustação e venda de cachaças alheias à coleção”, revelou. “Em breve, queremos fazer isso, porque o espaço em casa ficou pequeno”.

(Honório Barbosa - DN)


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