‘PT protagoniza um dos maiores escândalos de corrupção da história’, diz Marta ao pedir desfiliação

SÃO PAULO - Na carta em que apresentou o seu pedido de desfiliação do PT, entregue nesta terça-feira aos diretórios municipal, estadual e nacional da legenda, a senadora Marta Suplicy (SP) acusa o partido de protagonizar um dos maiores escândalos de corrupção da história do país. A sigla, no qual Marta militou por 33 anos, disse que vai ingressar na Justiça Eleitoral para obter o mandato da senadora. Em entrevista em Brasília, a senadora ressaltou que se sentiu “traída” pelo partido.

Na carta, Marta, faz referências indiretas aos escândalos do mensalão e de corrupção na Petrobras e afirma ser “de conhecimento público que o Partido dos Trabalhadores tem sido protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou, sendo certo que mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver sua direção nacional”.

“Para mim, como filiada e mandatária popular, os crimes que estão sendo investigados e que são diária e fartamente denunciados pela imprensa constituem não apenas motivo de indignação, mas consubstanciam um grande constrangimento”, escreveu a senadora.

Diz ainda que “os princípios e o programa partidário do PT nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente”. “Aqueles que, como eu, acreditam nos propósitos éticos de sua carta de princípios, consolidados em sua programa e em suas resoluções partidárias, não têm como conviver com essa situação sem que essa atitude implique uma inaceitável conivência”.

Marta ainda acusa a direção partidária de isolá-la e estigmatizá-la. Diz que suas atividades partidárias e parlamentares foram cerceadas pela direção, o que colocou em risco a sua eleição para o Senado em 2010. “Percebi que o Partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para o diálogo com suas bases e seus filiados dando mostras reiteradas de que não está interessado, ou não tem condições, de resgatar o programa para o qual foi criado, nem tampouco recompor os princípios perdidos”, escreveu a senadora, que acrescentou estar vivendo o pior momento de sua vida política.

A ex-prefeita de São Paulo afirma que a legenda se distanciou completamente dos fundamentos que “há 35 anos nos levaram a construí-lo com entusiasmo e envolvimento”. “Até onde pude, tentei reverter essa situação. Não fui ouvida. Não tenho compromisso com os reiterados desvios programáticos e toda sorte de erros cometidos”.


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