Deputados madrugam na porta da Assembleia

Buscando ocupar o maior número possível de pronunciamentos na sessão ordinária, deputados da base governista e da oposição têm madrugado na sede do Poder Legislativo estadual. A prática é largamente usada na Casa sempre que parlamentares querem levar temas de seu interesse ao plenário, já que os deputados têm de disputar a assinatura da lista de inscrições. Na última quarta-feira, um dos parlamentares chegou à Casa por volta das 5 horas da manhã.

Antes mesmo de o sol nascer por completo, a deputada Bethrose (PRP) já estava nos portões da Assembleia para se inscrever no caderno de assinaturas da Casa, que só é aberto às 7 horas. Alguns deputados foram flagrados usando chinelo e roupas do cotidiano. Quando Silvana Oliveira (PMDB) chegou, faltando dez minutos para as 6 horas, mas onze parlamentares já estavam na fila à espera da inscrição. Nas legislaturas passadas, deputados já eram acostumados a fazer o "madrugão" na Casa.

O Primeiro Expediente da Assembleia Legislativa é o mais requerido pelos parlamentares, pois são esperadas as pautas mais quentes do dia. É o momento em que o Plenário 13 de Maio tem mais visibilidade na imprensa local. O primeiro parlamentar a chegar para se inscrever pode escolher em qual dos seis tempos quer se pronunciar. Em geral, o primeiro a chegar escolhe o sexto tempo, o que eles chamam de "tempo nobre".

Isso acontece porque o parlamentar inscrito para o sexto tempo, o último do Primeiro Expediente, não dará margem para réplicas em assuntos que ele leve à tribuna, uma vez que o debate é prejudicado, pois o próximo parlamentar a se pronunciar só terá 3 minutos para rebater qualquer crítica ou consideração. Já no Primeiro Expediente, ele tem 15 minutos para tratar dos mais diversos temas.

Inscrições

Depois de Bethrose, chegou Zé Ailton Lopes (PP), seguido do vice-líder do Governo, Júlio César (PTN). Também esperavam as inscrições Carlos Matos (PSDB), Leonardo Pinheiro (PSD), Moisés Bras (PT), Elmano Freitas (PT), Fernanda Pessoa (PR), Wagner Sousa (PR), Bruno Pedrosa (PSC), Carlos Felipe (PCdoB), Audic Mota (PMDB) e Silvana Oliveira (PMDB).

Antes das 7 horas, 16 deputados já estavam presentes na Assembleia Legislativa. Até mesmo os peemedebistas Carlomano Marques e Walter Cavalcante e a petista Rachel Marques já haviam chegado, o que surpreendeu aos presentes.

No Primeiro Expediente, os governistas, que eram maioria, debateram questões sobre o semiárido, a importância dos hospitais filantrópicos e a diminuição da criminalidade e de homicídios. Apenas Carlos Matos fez críticas a uma possível manobra para "maquiar" as contas do Governo do Estado. Já no Segundo Expediente, foi a vez do contra-ataque dos oposicionistas, que elegeram a crise na Saúde para o debate. Somente Rachel Marques subiu à tribuna neste segundo momento para defender a aprovação da matéria que trata do reajuste dos professores.

Audic Mota chegou à Assembleia, na quarta-feira, às 6h10, quando dez deputados já estavam na "fila". Segundo Bethrose, não há "necessariamente" uma estratégia da base do Governo, mas uma tentativa dos parlamentares de ocuparem seus espaços. O seu pronunciamento foi feito no sexto tempo e destacando feitos da atual gestão.

Ao chegar ao prédio do Legislativo, o tucano Carlos Matos pensou que seria o primeiro da lista de inscrições, sendo surpreendido com as presenças de Bethrose, Zé Ailton Brasil e Júlio César Filho. Os parlamentares tiveram muito tempo para discutir alguns temas nos bastidores e tentaram encontrar um novo modelo para uso da palavra durante as sessões ordinária.

"Pela experiência e tradição deles, eles acham que esse é o melhor modelo, mas quero crer que haja formas mais inteligentes, porque não podemos ser aqui guardiões do Plenário", ironizou Carlos Matos.

Críticas

A deputada Fernanda Pessoa disse acreditar que as críticas recentes publicadas na imprensa sobre a gestão do ex-governador Cid Gomes motivaram maior participação dos aliados nos tempos do Legislativo. Ela reclamou que muitos deputados governistas se inscrevem, mas passam o tempo de palavra para outros colegas. No entanto, enquanto estava na "fila de espera", ela cedeu seu tempo para o líder do PR na Assembleia, Wagner Sousa, que chegou depois da republicana, por volta das 6 horas.

Leonardo Pinheiro, por sua vez, já estava de vigília no Legislativo às 5h30. Segundo ele, o modelo atual de uso da palavra é o mais democrático, mesmo fazendo com que os parlamentares cheguem ainda de madrugada para ter tempo de fala.

"A base está vendo que tem que ocupar seu espaço. Não podemos deixar somente a oposição mostrar a crítica, o discurso fácil", declara Pinheiro, afirmando ainda que na fila de espera da Assembleia Legislativa não é permitido "segurar o lugar". Alega que é necessário esperar até as 7 horas para assinatura do livro.

Diário do Nordeste


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