Antidepressivos derrubam o desejo sexual das mulheres

Os efeitos dos antidepressivos na libido da mulher são hoje um grande entrave ao tratamento dos transtornos mentais. Além de afetar de forma quase generalizada o desejo sexual, o uso prolongado desses medicamentos pode provocar um distúrbio que atinge cerca de 10% das mulheres, o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). A informação é do psiquiatra mexicano Eusébio Rúbio Arioles, PhD em comportamento sexual pela Universidade de Nova York e professor da Universidade Autônoma do México.

“Os antidepressivos comumente utilizados agem por meio de um mecanismo que é a inibição de recaptação da serotonina pelo cérebro, o que se traduz em maior serotonina disponível na atividade cerebral. Quando isso ocorre, os centros reguladores e inibidores do desejo e da resposta sexual se ativam, porque a quantidade de dopamina diminui”, explica o psiquiatra.

Problema. Nos últimos anos, com o crescimento dos casos de depressão e o aumento do uso da medicação, a indústria tem se debruçado sobre o que os psiquiatras consideram um problema, pois a piora da vida sexual das pacientes tende a provocar o abandono do tratamento e, consequentemente, a complicação do transtorno, que pode se tornar crônico. No entanto, afirma o professor mexicano, ainda não há uma evolução satisfatória.

“A maioria dos antidepressivos – não são todos – tem impacto sobre o desejo sexual e o alcance do orgasmo. O que acontece é que, quando se tem uma pessoa deprimida, é preciso avaliar muito bem o custo-benefício do tratamento com antidepressivo. Normalmente, não é um tratamento por toda a vida, mas com duração de seis a oito meses”, diz Arioles. Geralmente, esses remédios prejudicam a libido em 30% a 60% das mulheres. Nesses casos, afirma o especialista, a paciente se recupera da depressão, e o desejo reaparece.

Mas, nos casos em que o uso deve se prolongar por dez anos ou 15 anos, os impactos na vida sexual são bem maiores, e a saída encontrada é utilizar alguns “antídotos”. Dar preferência a medicamentos com menos impacto ou associá-los a dopaminérgicos, como a bupropiona. “É importante saber que o tratamento para depressão é prioritário. Há pessoas que necessitam de antidepressivos para ficarem estáveis. Se o desejo é afetado, temos que pensar algum jeito de melhorar isso”.

O professor esclarece ainda que o desejo sexual é condicionado por muitos fatores. “Os antidepressivos bloqueiam um mecanismo no cérebro. Mas há muitos outros fatores”.



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