Cerveró afirma que foi indicado por Lula por ‘reconhecimento de ajuda’



BRASÍLIA — O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou, em delação premiada, que sua indicação para a Diretoria Financeira e de Serviços da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, em 2008, foi feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em “reconhecimento da ajuda” na contratação da Schahin para operar o navio-sonda Vitória 10.000. 


Segundo o jornal “Valor Econômico”, Cerveró disse que a indicação aconteceu em troca da “quitação de um empréstimo do PT, perante o banco Schahin, garantido por José Carlos Bumlai”. O ex-diretor afirmou ainda que “havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores” pela viabilização do contrato com a Schahin quando ele foi exonerado da Diretoria de Internacional, em 2008.

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, está preso desde novembro e é acusado de intermediar um empréstimo de R$ 12 milhões com o banco Schahin, em 2004. Em depoimento realizado em dezembro, Bumlai afirmou que o destino do dinheiro foi o PT. Na ocasião, o pecuarista desvinculou o ex-presidente de qualquer envolvimento com o negócio. Disse que Lula é seu amigo, que se encontravam nos fins de semana, mas que tinham como regra não falar de assuntos políticos ou econômicos. Negou que tenha pedido a Lula que mantivesse qualquer diretor da Petrobras no cargo, em referência às informações de que teria pedido ao presidente para manter Cerveró na área Internacional.

Na delação, Cerveró atribuiu sua permanência na Petrobras à intermediação do negócio. O ex-diretor afirmou ainda que o loteamento de cargos da BR Distribuidora, ligados ao senador Fernando Collor (PTB-AL), teria sido uma "provável" decisão de Lula. Cerveró alegou que o ex-presidente pretendia trazer o PTB para a base do governo e esvaziar a CPI da Petrobras, no Congresso Nacional. Cerveró disse também que a influência de Collor teria sido reforçada no governo Dilma Rousseff. Cerveró contou que participou de reuniões com outros políticos para tratar de propinas desviadas da Petrobras e citou o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que está preso, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Em resposta ao "Valor Econômico", o Instituto Lula disse que não comenta "vazamentos ilegais, seletivos ou parciais de supostas alegações que alimentam a um mercado de delações sem provas em troca de benefícios penais." O Palácio do Planalto informou ao "Valor Econômico" que não vai comentar o assunto.





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