Chikungunya: infestação no Ceará pode ser 20 vezes maior

Os casos de pessoas infectadas pela febre chikungunya no Ceará são alarmantes. Com mais de 8 mil casos notificados, numa média de 92 casos para 100 mil habitantes, o Estado tem a maior taxa da doença no País. Esses dados podem ser 10 ou 20 vezes maiores do que os números divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Essas observações foram feitas pelo médico infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, coordenador do Núcleo de medicina tropical da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo o infectologista, seus questionamentos estão relacionados à subnotificação da doença, e convoca as autoridades de Saúde a se prenunciar sobre o assunto. “É preciso analisar todos os custos, e na minha opinião, não ter o diagnóstico da situação pode sair muito caro”, disse.

Ainda de acordo com o pesquisador, além de agravar problemas de saúde pré-existentes, a chikungunya pode gerar sequelas articulares para o resto da vida. Ele explica que, pelo protocolo de atendimento atual, passados três meses, o paciente deve ser encaminhado ao reumatologista para tratamento de artrite reumatoide.

Ivo Castelo detalha que a chikungunya se trata de uma doença incapacitante, que pode ter inúmeros agravamentos. “Quem diria que levaria à morte por insuficiência respiratória, a derrames ou problemas oculares? Todos os dias eu estudo e aprendo sobre ela. Já tenho pacientes infectados há dois anos”, revela.

 O pesquisador destaca que municípios como Pedra Branca, que não apresenta infestação do Aedes aegypti há anos, nada mais fizeram do que aplicar o conhecimento repassado em cursos sobre o combate ao vetor. "Numa situação explosiva, como a atual, tem que haver uma aplicação de medidas a serem tomadas", diz.

Esquecimento

Ele faz questão de enfatizar que, apesar de se tratar de uma doença nova entre nós, que chegou aqui na época da Copa do Mundo, em meados de 2014, só existe pela presença do mosquito Aedes aegypti. "Enquanto existir o mosquito, todo ano, no primeiro semestre, teremos pessoas adoecendo e, no segundo semestre, todos esquecem, tanto as autoridades quanto a população e a própria imprensa", sentencia.

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