Nos últimos cinco anos, o período de alta estação, que ocorre nos meses de dezembro e janeiro, coincidindo com as férias escolares, registrava bons negócios e era sempre motivo de comemoração por parte dos donos de peixadas e bares. Nesta temporada, entretanto, ocorreu o contrário. A movimentação caiu significativamente. “Não estamos vendendo quase nada”, disse o empresário Raimundo Félix Pereira.
Situação ruim
Mesmo no período de alta estação, a maior movimentação ocorre aos domingos. Durante a semana e aos sábados, é reduzida a freqüência do público. De acordo com os donos de restaurantes e bares, as vendas caíram 70%. “A nossa situação está ruim”, disse Maria Alves de Oliveira, que há 10 anos explora com o marido, Cícero Martins, um restaurante próximo à parede do Açude Trussu. “Isso aqui é o nosso ganha pão”, desabafa.
O ex-vendedor de mel de abelha e produtos naturais, Raimundo Pereira, há três meses, após pesquisa com outros donos de restauranrtes, resolveu alugar um imóvel e abrir uma peixada, no entorno do reservatório. Mudou de profissão. “Em novembro, o resultado foi satisfatório, mas desde dezembro quando as vendas deveriam aumentar, aconteceu o contrário”, reclama. “O movimento não está como o esperado”, constata.
José Martins Sobrinho, que há seis anos explora um restaurante de comidas típicas no Trussu, confirma a queda nas vendas. “Nestas férias, o movimento acabou”, disse. “As famílias alegam que deixaram de vir por causa da fiscalização que está rigorosa”. O casal José Bezerra e Maria de Jesus, desde a construção do açude, são proprietários de restaurante e conhecidos por servir galinha caipira ao molho e à cabidela, bem como o tradicional peixe frito com baião-de-dois. “Temos uma boa clientela, mas desde a véspera do Natal e até domingo passado o movimento foi horrível”, queixou-se Maria de Jesus. “As vendas de bebida alcoólica caíram quase que total”.
Os empresários não são contrários à Lei Seca, mas questionam o rigor e a legalidade da fiscalização, com a realização de barreiras em estradas municipais e até na sede do distrito de Suassurana que dá acesso ao Açude Trussu. “Deveriam usar o bom senso”, disse Sobrinho.
Os donos de restaurantes também sugerem que os motoristas façam rodízio entre amigos para o uso de bebida alcoólica, sem comprometer o lazer utilizando veículo próprio. O transporte público para a localidade é reduzido.
Outra reclamação é sobre a falta de segurança pública. Os empresários reivindicam a presença de policiais militares e da Guarda Municipal pelo menos no período da tarde e início da noite, aos domingos. “Hoje a gente trabalha com medo”, disse José Bezerra. “Não temos policiamento e proteção”. No entorno do Açude Trussu há nove pontos de venda de comidas típicas, barracas, bares e restaurantes. O reservatório fica localizado no distrito de Suassurana, distante 18km do Centro de Iguatu.
Impedimento legal
O sargento Francisco Alves da Silva, do posto da CPRV em Iguatu, esclareceu que a unidade não realiza blitze em estradas municipais por impedimento legal, mas que às vezes o trabalho é feito para dar apoio e segurança à fiscalização por parte do Detran. “Só podemos autuar nas rodovias estaduais”, frisou.
Sobre a aplicação da Lei Seca, informou que os condutores de veículos devem ter cuidado e a legislação precisa ser cumprida. “Usamos o bom senso e o bafômetro é utilizado quando verificamos que o motorista está embriagado”. A unidade da CPRV não dispõe de estatística sobre o número de autos de infração e nem sobre a ocorrência de acidentes na região.
A Lei nº 11.705, Lei de Alcoolemia Zero ou simplesmente Lei Seca, entrou em vigor no dia 20 de junho de 2008. Com a confirmação da notificação, ao fim de três meses do período de tramitação do processo, os motoristas terão que pagar R$ 957,50 de multa e a Carteira Nacional de Habilitação é suspensas por um ano. A autuação administrativa ocorre quando o teste do bafômetro acusar de 0,11 a 0,29 miligramas de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões dos motoristas. Fonte: Diário do Nordeste
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