Quando o proibido ainda não está claro

No afã de responder aos anseios generalizados por moralizações que vieram depois do escândalo do mensalão, nossas elites da política fizeram mudanças perfunctórias na legislação para reduzir gastos de campanha, achando que conteriam o caixa 2 ao colocar obstáculos às despesas. De tal forma foram as mudanças que sumiram os artistas e animadores, as bandas de forrós e outros gêneros, esvaziando dessa forma os comícios. No mesmo molde de mudanças, acabaram as camisetas, os bonés, chaveiros e outros brindes, que de certa forma traziam um maior brilho para a campanha eleitoral. Outdoors diminuíram de tamanho e se transformaram em pequenas placas. Até a pintura de muros foi severamente disciplinada. Resultado: É cada vez maior a proporção de eleitores que chega aos 45 dias finais da campanha com sua "cola eleitoral" quase vazia. Dos 6 nomes a serem votados este ano, sabe um, dois e olhe lá.

Para agravar ainda mais todas essas dificuldades, ainda surge por parte da Justiça Eleitoral imposições de caráter autoritária e sem nexo, quando impede o cidadão de manifestar a sua opinião nos veículos de comunicação. Vale lembrar que até os programas de humor das TV's sofreram severas restrições, a ponto das emissoras terem que mudar o estilo de determinados programas. A divulgação de um simples banner num site ou em determinado blog, é visto como motivo de ofensa à legislação eleitoral, que de certa forma ainda não se tornou clara, ficando a critério de promotores eleitorais, a decisão se esse ou aquele pode ou não ser divulgado.

Para argumentar todo esse relato que anteriormente foi descrito, vem a seguinte indagação: se a Justiça Eleitoral está atenta a um simples banner ou a um pequeno comentário que por vez ou outra surge em algum espaço de divulgação, onde está então, a fiscalização para coibir a compra de votos despudorada que acontece na calada da noite, e que muitas vezes muda o resultado de uma eleição? Cadê a fiscalização nos muros de residências das pessoas mais humildes, que muitas vezes vendem o espaço e até o voto pela simples quantia de R$ 20 ou R$ 30 reais?

Resumindo: diante de tanto descalabro, fica ainda a sensação de realmente somos um país do faz de conta. Nada é levado a sério, e a desculpa, na maioria das vezes, se manifesta apenas como uma simples frase: "Não temos condições de fiscalizar determinados delitos".

Isso é o fim.

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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