Mainha morre mitificado em seus segredos

A história é contada por um delegado já com certo tempo de polícia, que pede o segredo de seu nome. Diz que, certa feita, pelos anos 1980, Mainha saiu com um serviço a cumprir. Mataria um fazendeiro, inimigo de outro também dono de terras. Chegou lá, teria fraquejado. O que morreria era um amigo seu. A conversa acabou virando uma oferta, agora da “vítima”. Então Idelfonso Maia Cunha, temido e respeitado, do alto de toda “honra” que se atribuía a um pistoleiro, topou. Dias depois, pelo dobro, matou o mandante.
Talvez esse também tenha sido mais um folclore no lastro de Mainha. Em aluguel de morte, só sabe o valor quem paga e quem recebe. Assim foram as várias histórias sobre ele. Ontem, o homem que caiu com uma bala na testa e outras espalhadas era tido como o “último dos pistoleiros”. Lenda entre os que cobravam para “fazer alguém”, morreu de olhos abertos, cabeça perfurada, num terreno baldio perto do sítio onde morava.

CRONOLOGIA 

OUTUBRO DE 1955
No dia 28 de outubro, nasce Idelfonso Maia da Cunha, em Alto Santo, na região jaguaribana. Estudou no colégio Salesiano de Limoeiro do Norte.

AGOSTO DE 1988
Após 11 anos de fugas, Mainha é preso em Quiteranópolis, na Região dos Inhamuns. Admitiu ter executado “apenas” sete pessoas, entre elas o então prefeito de Iracema, Expedito Leite, chacinado em 1977, na Capital.

AGOSTO DE 1996
Mainha sofre atentado no Instituto Penal Paulo Sarasate. Segundo ele, havia complô para matá-lo. Já condenado a 30 anos de prisão, o pistoleiro pegou 12 anos pela morte de Orismildo Rodrigues da Silva, em Quixadá, e 18 pelo assassinato do despachante Iran Nunes.

ABRIL DE 1997
Mainha é condenado a 64 anos de prisão pela chacina de Alto Santo, ocorrida em 16 de abril de 1983. A chacina ocorreu no quilômetro 248 da BR-116, próximo ao posto de combustível Universal. Na ocasião, foram mortos o ex-prefeito de Pereiro, João Terceiro de Sousa, a mulher dele, Raimunda Nilda Campos,o motorista Francisco de Assis Aquino e o policial militar Joâo Leonor de Araújo.

MAIO DE 1999
Em novo julgamento (o primeiro foi anulado), Mainha é absolvido por falta de provas.

NOVEMBRO DE 2001
Depois de um ano e dois meses em regime semiaberto, Mainha volta à prisão.

NOVEMBRO DE 2002
Mainha é condenado por dois assassinatos no Rio Grande do Norte. Como havia voltado para o regime semiaberto em setembro de 2002, foi recapturado em Caridade, em 106 km de Fortaleza. Acabou transferido para Maranguape.

ONTEM
Mainha é assassinado a tiros, em Maranguape. Ele cumpria sentença em regime semiaberto há pelo menos três anos.

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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