Após 40 dias de mandato, a semana passada marcou o período de maior exposição da presidenta Dilma Rousseff e de seu criador e antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma falou pela primeira vez em cadeia de rádio e televisão. Lula foi a Dacar, no Senegal, para participar do Fórum Social Mundial. O ponto alto foi o encontro dos dois na festa de 31 anos do PT, em Brasília. A seu estilo, Lula fez um discurso inflamado. De camisa vermelha, ele usou frases populares, fez piadas e atacou a oposição e a mídia. De roupa discreta, Dilma chegou à festa no final, não disse nada e apenas cortou o bolo de aniversário com Lula.
A diferença de comportamento entre Lula e Dilma na festa se reflete na rotina de governo. Dilma fala muito menos que ele em público. Fica mais em Brasília e viaja menos. Não atrasa audiências. Nas reuniões, prefere dar mais ênfase a assuntos de gestão que aos temas políticos. Não demonstra intimidade com sindicalistas, parlamentares ou dirigentes partidários. Enquanto Lula gostava de conversas sobre temas como pescarias e futebol, Dilma prefere literatura e arte. Após oito anos de convivência com Lula, alguns petistas e aliados ainda não se acostumaram ao estilo de Dilma. Muitos também não aceitam o fato de terem perdido poder de influência e cargos no governo.
Revista Época
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