O governo interino do Egito afirmou que vai retirar alguns dos governadores de províncias que foram nomeados pelo ex-presidente Hosni Mubarak. A medida é uma concessão aos manifestantes, que exigem que Mubarak e sua família sejam julgados por corrupção e também pedem a substituição destes governadores.
Muitos dos manifestantes acreditam que os militares do governo interino estão protegendo Mubarak e seus aliados e estão insatisfeitos com o ritmo das mudanças durante a transição no Egito. O anúncio do governo interino egípcio ocorreu depois de as forças de segurança do país terem entrado em confrontos na Praça Tahrir, centro do Cairo, neste sábado, deixando pelo menos um morto.
Centenas de manifestantes continuam acampados na praça, centro simbólico dos protestos que levaram à renúncia de Mubarak em fevereiro, depois de quase 30 anos no poder. O governo interino e militar, por sua vez, afirmou que vai usar firmeza e força para retirar os manifestantes da praça e para que o país volte à vida normal.
– A praça Tahrir vai ser esvaziada com firmeza e força para garantir que a vida volte ao normal – disse o general Adel Emarah, do conselho militar egípcio, durante uma entrevista coletiva.
Entre os manifestantes começam a surgir divisões, com alguns pedindo pela renúncia de Mohammed Hussein Tantawi, substituto de Mubarak, que ocupa o cargo de líder interino do Egito. No entanto, outros temem que um maior antagonismo com os militares possa causar mais problemas para o Egito antes das eleições e prejudicar a transição para um governo civil, planejada ainda para 2011.
Ex-ditador reclama
O ex-presidente do Egito Hosni Mubarak disse que é vítima de “campanhas de difamação” e desmentiu ter bens fora do país, na sua primeira entrevista desde que deixou o poder, em fevereiro.
– Não posso ficar em silêncio em face de campanhas de difamação e tentativas de atingir a minha reputação e integridade e as da minha família – afirmou neste domingo o ex-presidente numa mensagem de áudio divulgada pela rede de televisão Al-Arabiya.
Mubarak, que esteve no poder durante quase 30 anos e deixou o cargo após 18 dias de revolta popular, falou em “campanha injusta” e insistiu que nem ele nem a mulher têm bens ou contas no exterior. As autoridades egípcias anunciaram a criação de uma comissão para investigar os bens de Mubarak e da sua família.
Na sexta-feira, milhares de egípcios voltaram a protestar na Praça Tahrir, no centro do Cairo, para exigir que Mubarak e outros dirigentes do antigo regime sejam julgados.
Tags
INTERNACIONAIS