O cantor paulistano Fábio Corrêa Ayrosa Galvão já se chamou Uncle Jack e Mark Davis. No início dos anos 70, adotou o nome artístico Fábio Jr., com o qual fez sucesso.
Mas hoje também é conhecido como o pai da atriz Cleo Pires, 27 anos, e do cantor Fiuk, 20 – a quem Fábio só consegue chamar pelo nome verdadeiro, Filipe. Sua prole conta com o reforço de mais três filhos: Tainá, 24, Krizia, 23, e Záion, 2.
Hoje, aos 57 anos de vida e 32 de carreira, ele está solteiro e diz não querer mais filhos. Num momento voltado à carreira, está em turnê com o novo CD, Íntimo.
No disco ‘Íntimo’ (Sony), você interpreta canções que fizeram sucesso na voz de outras pessoas, como ‘Esquinas’, com Djavan.
Como foi quebrar essa barreira?
Só tem um jeito: achar minha maneira de cantar. E elas soarem minhas. Encontrei Djavan há alguns anos. Disse para ele: ‘Esquinas é uma obra-prima. Ele disse: “Grava, Fabinho”. E eu: “Não dá. Está complicado de alguém regravar isso”. Falei isso para o Cesar Lemos (produtor desse disco). Ele disse que este ano eu ia ter de encarar.
Fiuk participa desse disco, assim como sua filha Tainá.
Como surgiu a ideia de trazê-los?
Nada disso estava previsto. “Papito, você vai colocar essa música no show, a 20 e Poucos Anos?” (imitando o filho). Eu disse: “Boa ideia. Vou pôr no CD. Você topa?”.
E a Tainá?
Tainá sempre cantarolou. Acho ela muito afinada. Fomos para o estúdio. O Cesar sugeriu Fullgás e os dois ficaram trabalhando. Sou pai, mas tenho de ter um certo distanciamento para avaliar. Fiquei em outra sala para não intimidá-la. Filipe tem trauma disso. Já ouviu de mim: “Vai fazer isso de novo. Aqui você desafinou”.
Quando Fiuk passou por isso?
Ele tinha uns 14 anos. Na época em que começou a montar a primeira banda, ele trazia as coisas para casa. Tadinho, ele chegava todo feliz. “Pai, ouve aí, porque sei que você vai falar a verdade”. Eu dizia: “Tá bom. Filho, aqui você tem de refazer”. Ele ficava meio bravo. Mas aquele momento da crítica foi importante. Depois de gravar, ele me agradeceu.
Vocês dois parecem ter uma relação próxima. Sempre foi assim?
Sim, temos. Mas nem sempre foi assim. Foi a partir do momento em que ele foi morar comigo, há 7 anos. A gente é muito parecido. Quando meus filhos eram muito pequenos, eu não parava em casa. E ainda fazia carreira internacional. Então, fui ausente nesse período da vida deles. A gente está fazendo um pit stop na casa da mãe dele e das irmãs, enquanto a nossa não fica pronta. Ele chega em casa e grita: “Oi, família, cheguei!”. Quando ele era pequeno, não sabia o que era isso.
Você acha que ele vai demorar para formar a própria família?
Ai, por favor (risos).
Por quê? Não quer ser avô logo?
Quero. Mas o moleque tem 20 anos. Tem de namorar…
Mas você era novinho quando se casou (com Tereza Coutinho).
Casei com 23 anos. Mas deixa ele quietinho. Acho que, no momento, mesmo apaixonado, ele não formaria uma família. Ele rala muito e estabelece prioridades. E carreira é a prioridade dele agora.
Você se arrepende de ter sido ausente na vida deles?
Eu não me arrependo. Tudo na vida é uma escolha. Escolhi uma carreira. Fui fundo. Aquele foi o grande momento da explosão. Você luta por isso e, na hora que conquista, começa a dizer ‘não’ pra todo mundo? Não dá. Eu tinha 30 anos. Tudo tem um preço.
O Fiuk já disse que vocês dois conversam sobre tudo. Inclusive, que você dá dicas sobre mulheres para ele. É verdade?
Ele quem está me dando dicas (risos). A gente troca ideia pra caramba. É legal a visão que ele tem das coisas, das mulheres, de como levar um relacionamento.
Que dicas ele te dá?
Caramba, como vou especificar uma coisa… Ele fala: “Pô, papito, presta atenção. Aqui é roubada”.
Em relação a mulheres?
É. E eu faço isso também.
E como é o relacionamento com seus outros filhos?
É igual, mas cada um com sua personalidade. Para chamar a atenção de cada um, é de um jeito.
Para eles, em algum momento, foi difícil ser filho de um artista?
Nunca senti. E eles nunca foram afetados em relação a isso. Cresceram me vendo na TV. É mais estranho vê-los fazendo sucesso.
Tem ciúmes de suas filhas?
Tenho. E do Filipe também. Sou muito ciumento. Não sei por que.
Sente saudade de atuar?
Sim. Fazendo o especial de final de ano, Tal Filho, Tal Pai (2010), deu mais saudade ainda. Mas acho que hoje, para pegar uma pauleira de novela, não sei se encararia. Já faz 13 anos desde minha última novela, a Corpo Dourado.
Apareceram convites?
Sim. É legal, mas pega muito tempo meu. Já fiz isso algumas vezes: terça, quarta e quinta, eu gravava novela e, de sexta a domingo, fazia show. Tempo para decorar, só quando estava no avião ou no hotel. Não encaro mais isso, não.
Mas nem em seriado?
Acho que sim. É que gostei tanto de ter feito Tal Filho, Tal Pai. Se tivesse virado seriado, eu faria.
Como lida com o envelhecer?
Acho que é saborear uma coisa que só vem com o tempo na vida, que é a sabedoria. É o acúmulo de experiências que te dá condições de avaliar o daqui para frente de uma forma mais serena, mais objetiva.
Você não quer ter mais filho?
Não. Fechei a tampa. Fiz vasectomia há muito tempo. O Záion foi inseminação. Há 15, 20 anos, viajei para Israel, Líbano e Jordânia. Fui comprar medalhinhas para levar para cada filho. Eu tinha quatro. Comprei cinco medalhas. Quando cheguei ao hotel, pensei: “Comprei cinco!”. Na época, eu já tinha feito operação. Aquilo ficou estranho. Aí veio o Záion.
Após seis casamentos, tem medo de ficar sozinho?
Fico bem sozinho. É bom ter companheira. Mas não tenho mais saco para algumas coisas: “Onde você foi?” ou “Você não disse que ia me ligar tal hora?”. Prefiro namorar, cada um ficar na sua casa.
Está namorando agora?
Não. Estou calmo.
Já teve vontade de usar Viagra?
Eu nunca tomei. Tenho curiosidade de experimentar. Mas não que eu precise (risos).
Você disse que nunca usou droga…
Nunca usei? Usei, sim. Quando tinha 20 anos e poucos anos. Mas estamos falando de anos 70, a droga era contextualizada. Hoje, não. É rave, vai todo mundo pra se drogar. Ninguém come ninguém. Fica todo mundo doidão e, dois dias depois, volta pra casa. Eu experimentei drogas, nunca comprei. Eu queria outra carreira: a artística.
Qual o lado ruim da fama?
Não tem lado ruim. Mas quando tem sessão de fotos na minha agenda, aí começo a sofrer.
Mas quando existe uma invasão maior, como aquela história absurda com a Cleo, Gloria Pires… (em 1998, surgiram boatos de que Cleo teria se envolvido com o padrasto Orlando Morais)?
Pelo amor de Deus! Isso já tem um tempo enorme! Ninguém tocou nesse assunto comigo. E ai se alguém tocasse, me perguntasse alguma coisa. Mas já passou.
(Fonte: Estadão)
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