Produtores de banana financiados e assistidos pelo Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil, nesta cidade, reclamam contra o atraso na liberação de verbas de investimento e custeio, da falta de assistência técnica e da burocracia exigida pela instituição financeira. O resultado é o acúmulo de dívida e queda na produção, além da dependência de atravessadores para a comercialização dos frutos.
Uma reunião entre representantes do Banco do Brasil, Ematerce, Sebrae, Secretaria de Agricultura do Município e produtores rurais, realizada nesta semana, debateu os entraves do programa e tentou encontrar alternativas. "Estamos à beira do abismo", disse o presidente da Associação dos Fruticultores de Iguatu, Murilo Barroso. "Se a situação persistir do jeito que está, o projeto não alcançará os seus objetivos".
O DRS foi implantado nesta cidade em 2007. No ano seguinte, foi criada a Associação dos Fruticultores de Iguatu. O projeto deveria atender, inicialmente, 45 produtores rurais, mas hoje só 24 permanecem tentando obter verba de custeio e de investimento, mas a metade já pensa em desistir. O principal entrave é a dificuldade de liberação de verba de custeio. "O banco exige garantia, mas a única que temos é a certeza de produção, porque o plantio é irrigado", disse Barroso.
Durante o encontro, o produtor Idelberto Gomes, cansado por esperar pela liberação do crédito de custeio, foi enfático: "Já desisti e não quero mais". A reunião foi um momento de desabafo de alguns produtores. O fruticultor Eliardo Gonçalves contou que metade das mudas cultivadas adoeceu e enfrentou prejuízo no bananal. "Foram cinco técnicos e não souberam diagnosticar o problema. Depois um professor da Universidade Federal do Ceará identificou com facilidade o problema, mas já era tarde".
O DRS não prevê seguro para o recurso de investimento e até hoje Gonçalves está no prejuízo. "Quero uma solução e considero o meu caso um descaso", disse. Para Barroso, há excesso de burocracia e o projeto não previu que era necessário liberar verba de custeio no tempo certo. "Veio o recurso para investir, implantar o bananal, mas como poderíamos fazer os tratos necessários, manter o plantio sem capital?", indagou. Esse é o maior problema que está deixando o grupo inadimplente. A falta de recursos financeiros resultou na queda da produção por não haver os tratos adequados.
O gerente de Atendimento da agência do Banco do Brasil, Francisco Elder de Souza, esclareceu que a instituição está fazendo um esforço para atender os produtores rurais, mas há limitações legais para a concessão de crédito. "Há dois projetos de investimentos e dois de custeio pendentes", afirmou. "Já houve prorrogação de vencimento da primeira parcela com possibilidade de redução do valor a ser pago e transferência de parte do valor para outras parcelas a serem vencidas".
Elder de Souza disse que aguarda resposta da carta consulta encaminhada à Fundação Banco do Brasil que prevê a doação de um caminhão para a Associação dos Fruticultores de Iguatu. "A resposta deve sair ainda este mês", disse. O gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino Neto, disse que a produção de banana e a instalação de uma indústria de doce podem ser atendidas com o Projeto São José III, que vai priorizar unidades produtivas. "Vamos trabalhar em conjunto para alcançar esse objetivo", sugeriu. Quando da criação do DRS, foi firmado um pacto de parceria para o plantio de banana da variedade grande naine, que oferece maior produtividade e renda.
Fonte: Diário do Nordeste
Repórter Honório Barbosa