Mudanças climáticas e problemas de assistência técnica estão prejudicando a produção de uvas no município de Iguatu. Quem investiu na atividade, está no prejuízo. É preciso adequar o manejo para aumentar a produtividade. Se houver oferta, há mercado para garantir a comercialização.
Dos quatro produtores do centro sul cearense, dois abandonaram a atividade. Os outros tentam manter os parreirais a duras penas. O produtor José Wilton Dantas iniciou o plantio em 2008, optando pela variedade Itália moscato que é mais aceita no mercado consumidor. Numa área irrigada com pouco mais de 1 hectare, o produtor já chegou a colher em torno de 1600 quilos por semana, mas hoje a produção média é de 60 quilos. "Aqui eu faço de tudo prá dar certo. Faço análise de solo, de folha, e mantenho um cuidado muito grande com o meu parreiral, mas mesmo assim este ano vai ficar na história de forma negativa com um prejuízo médio entre 70% a 80% de perdas", afirmou.
De acordo com José Wilton, um dos fatores que tem prejudicado o cultivo da uva na região é a falta de assistência técnica por parte do governo do estado. Ele avalia que a falta de condições de trabalho e a baixa valorização do técnico agrícola por parte do governo estadual, tem sido um dos fatores primordiais para a queda vertiginosa na produção de algumas variedades de plantações. "O governo habilita um técnico, e quando ele está 100%, após completar dois anos o governo o demite. É preciso que o governo se sensibilize com a situação dessas pessoas. Qual é então a motivação que o profissional tem, se ele passa muito tempo estudando e depois de formado o maior período de tempo que fica no emprego é de dois anos"? indaga.
Diante das dificuldades, José Wilton teve que contratar uma empresa privada para reduzir os prejuízos. Um estudo apontou uma alta luminosidade no parreiral acima de 113 graus, quando o normal seria em torno de 60 graus. Outro problema detectado e tem a ver com as fortes chuvas deste ano é o problemas de fungos, o que tem obrigado o produtor a recorrer ao uso de defensivos agrícolas.
Para o técnico agrícola Ednaldo Barros Soares, responsável pelo acompanhamento dos parreirais de Iguatu, o aumento da produção está diretamente ligado a questões de manejo, já que não se pode interferir no clima. "Pode interferir na fisiologia da planta, mas na questão do clima, não pode. Se fosse a questão de se fazer uma poda única e colher de vez, a gente conseguiria produzir em torno de 25 a 30 toneladas por hectare, mas isso numa poda só por ano", disse Ednaldo Barros.
Redação; Luiz Vasconcelos
Com informações da TV Diário