Fuga de dólares do País é a maior desde 2002

O Brasil registrou em 2013 a maior fuga de dólares do País em 11 anos, desde o último ano do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Segundo o Banco Central, a saída de dinheiro para o exterior superou a entrada em US$ 12,26 bilhões no ano passado.

Para 2014, o governo espera um fluxo cambial melhor, apostando na maior captação de empresas brasileiras e da aplicação de estrangeiros em títulos públicos FOTO: REUTERS

Em 2002, a perda foi de quase US$ 13 bilhões. Esse resultado negativo é um dos fatores que explicam a desvalorização do real nos dois períodos. Em 2013, o dólar subiu mais de 15%.

Para segurar a alta, o governo injetou no mercado cerca de US$ 100 bilhões, por meio de contratos de câmbio e empréstimos feitos com recursos das reservas internacionais.

Para isso, lançou um programa de intervenções diárias no câmbio, política que foi criada justamente em 2002 e batizada na época como "ração diária".

Conta financeira

O resultado negativo foi afetado pelo forte déficit na conta financeira - por onde passam os investimentos estrangeiros em produção e em aplicações financeiras - de US$ 23,396 bilhões. Já a conta comercial registrou entrada líquida de US$ 11,136 bilhões, segundo o Banco Central.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, disse que a perspectiva para este ano é de mais saída de dólares "A gente sabe que, com a mudança na política monetária dos Estados Unidos, haverá muito repatriamento de dólar, não só do Brasil, mas dos países emergentes em geral", afirmou. "Não tem notícia boa que possa ajudar a manter a moeda em torno de R$ 2,30 ou R$ 2,35."

Galhardo disse que pesam ainda, no caso brasileiro, os receios com o efeito de um possível rebaixamento da nota de risco do País sobre o câmbio e a expectativa de piora nos indicadores econômicos domésticos.

Durante os últimos 11 anos, o Brasil só registrou saldo negativo nas operações cambiais em 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers contribuiu para uma saída de US$ 983 milhões. Naquele ano, a perda de dólares no segmento financeiro foi de quase US$ 50 bilhões, praticamente o dobro do verificado em 2013. Esse número inclui investimentos estrangeiros, remessas de lucro e pagamento de juros da dívida externa.

A forte entrada de dinheiro no comércio exterior, no entanto, quase equilibrou a conta. Desta vez, embora a perda financeira tenha sido 52% menor que em 2008, o resultado do comércio exterior teve queda de 77%.



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