Médicos defendem desfibrilador obrigatório

Tendo como uma de suas principais causas a arritmia cardíaca, alteração do ritmo do coração que, muitas vezes, pode ser um problema silencioso, a morte súbita faz, todos os anos, cerca de 300 mil vítimas só no Brasil. Apesar da alta gravidade, a parada do órgão mais importante do corpo, se tratada rapidamente, pode ser reversível. Por conta disso, médicos cardiologistas de todo o Brasil têm defendido a obrigatoriedade da existência de um desfibrilador, equipamento que, a partir da aplicação de descargas elétricas, restabelece os batimentos do paciente, em locais com grandes aglomerações.

O assunto foi um dos temas discutidos nesta sexta-feira (9), durante a abertura do IV Simpósio Internacional de Arritmia, Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artificial, em Fortaleza. No evento, que segue até hoje, especialistas brasileiros e de países como Portugal e França devem debater os distúrbios da frequência cardíaca, que podem ser congênitos ou, no caso de pessoas com hábitos de vida não saudáveis, adquiridos.

Existem cerca de sete tipos de arritmias, sendo parte delas benignas, tratáveis com medicação e procedimentos simples, e as demais malignas, que acarretam risco de morte.

Segundo a cardiologista Stela Sampaio, presidente do Simpósio, o ideal é que todos os lugares com concentrações superiores a 1.500 pessoas devam possuir um desfibrilador. Shoppings, casas de shows, estádios de futebol, escolas e algumas academias, por exemplo, fariam parte dessa categoria. "Nossa orientação é que haja o desfibrilador e pessoas treinadas para utilizá-los. Já batalhamos muito, fizemos campanhas anualmente, mas isso ainda não é regulamentado", diz a médica.

Desafios

Nos últimos anos, diversos projetos de lei já propuseram tornar o equipamento obrigatório, mas não chegaram a ser aprovados. Apenas determinados estados, como São Paulo e Paraná, e o Distrito Federal possuem legislações a respeito do assunto.

"Um dos maiores desafios para evitar a morte súbita, hoje, é ter acesso à reversibilidade deste mal", afirma a cardiologista Neyle Craveiro. "A maior preocupação é prevenir, tendo melhor qualidade de vida, buscando identificar melhor as doenças do coração. Mas a população também precisa ter acesso a médicos, exames e uma estrutura rápida de emergência com desfibrilação", completa.


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