Lúcio prepara retorno ao cenário político em 2010

“Ex-prefeito, ex-deputado federal, ex-senador, ex-vice-governador, ex-governador. Lúcio Gonçalo de Alcântara, 66, já passou por quase todos os cargos públicos almejados por um político. Sua saída do Governo há quase três anos, porém, o tirou do centro das discussões do Ceará. Então um dos protagonistas da cena política, na busca da reeleição, Lúcio foi alijado pelo líder máximo do PSDB, Tasso Jereissati, e amargou uma dura derrota ainda no primeiro turno. Agora, sem mandato e num novo partido, o PR, ele tenta voltar para o centro das atenções.

“Não existe ex-político”, disse ao O POVO no escritório-biblioteca que montou quase em frente à sua casa, no Meireles. Para o retorno à cena pública, Lúcio já iniciou uma série de viagens ao interior. Ele quer ser candidato na próxima eleição, possivelmente a deputado federal.

Ao avaliar o cenário político atual, em que governador Cid Gomes (PSB) aparece como franco favorito à reeleição, com indefinições apenas para o Senado, Lúcio cobra que o PSDB assuma uma postura de oposição até para preservar o direito de escolha do eleitor. Caso isso aconteça, ele afirma estar aberto a uma aliança política com seu ex-partido.

“Há um processo de cooptação muito forte no Estado, em que o governo faz de tudo para ganhar por W.O., antes mesmo de qualquer disputa”, disse Lúcio, referindo-se à ausência de oposição no Estado. “O jogo não terminou. Há o interesse de parecer que está tudo liquidado, mas não está. Há muitas questões até do cenário nacional que podem mudar tudo.” Entre as imprevisibilidades, o ex-governador cita uma possível candidatura de Ciro Gomes (PSB) à Presidência, o que levaria o PT a ter candidato próprio ao governo no Ceará.

Apesar de demonstrar a vontade de liderar um grupo de oposição ao Governo, Lúcio admite que, em seu próprio partido, encontra resistência, como a deputada federal Gorete Pereira, que defende o apoio a Cid. “Eu cheguei numa altura da vida que não cobro nada de ninguém, nem quero ser cobrado”, afirmou.

A reaproximação com os tucanos não apaga a mágoa de ter sido abandonado em 2006. “Me senti muito injustiçado.” Na ocasião, Tasso e Ciro decidiram se unir em torno da candidatura de Cid, o que não foi aceito por Lúcio, que bancou sua própria candidatura sem êxito.

Agora, como observador, Lúcio diz acreditar que Tasso possa estar até arrependido. “De aliado, agora ele passou a refém”, avalia. “Digo isso porque ele já manifestou a intenção de se candidatar ao Senado, os deputados do PSDB querem ficar com o governo e agora parece que pode ter uma contradição, já que o PT já disse que quer entrar na disputa ao Senado, com uma rejeição absoluta de não fazer coligação nos Estados com partidos que não apoiem a ministra Dilma à Presidência da República”, disse.

“Nessas grandes coalisões, formadas com expedientes para cooptar partidos e lideranças, a médio e longo prazo começam a surgir os conflitos, porque o vínculo que os une é muito mais o interesse, o oportunismo, a ideia de sobrevivência politicamente.”

(Jornal O POVO)

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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