A Operação Gárgula II, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF) em parceria com o Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério Público Estadual, prendeu temporariamente três pessoas que supostamente estariam envolvidas em um esquema de desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro. Foram expedidos ainda mandados de prisão contra outras três pessoas, também acusadas de cometer crimes contra o patrimônio público. Segundo informações da PF, duas delas se apresentariam ainda ontem e outra estava foragida.
"A operação vai transcorrer durante esse ano e não sei se vai ter um fim, porque a quadrilha é muito grande e envolve aí, a gente calcula que pode chegar a até 50 municípios``, completa o superintendente da Polícia Federal no Ceará, Aldair Rocha.
Segundo o coordenador-geral de operações especiais da CGU, Israel José Reis de Carvalho, verbas repassadas tanto pelo Governo Federal como pelo Estado & além de recursos dos próprios municípios & teriam sido alvo da ação da suposta quadrilha, que envolveria a participação de servidores públicos e empresas fantasmas.
Somente de recursos federais, Aldair Rocha disse que, de 2007 a 2010, foram alocados para esses 11 municípios cerca de R$ 124 milhões. Desse montante, foram liberados R$ 57 milhões. A estimativa, segundo ele, é que de 20% a 30% dos recursos tenham sido desviados por meio de licitações fraudulentas.
Sobre os recursos que ainda estão para ser liberados, Israel Reis afirma que eles ainda não poderão ser bloqueados. ``Por enquanto não tem como bloquear. Isso vai ser durante o processo de análise desse material. As providências necessárias dos órgãos repassadores serão tomadas na medida em que forem surgindo as evidências dos fatos``, disse.
Prefeitos
A força-tarefa montada para desmontar a suposta quadrilha que atuaria em municípios do Interior para desviar recursos públicos não informou quais prefeitos poderiam estar envolvidos com o esquema de corrupção. "Os inquéritos estão sob segredo de Justiça", disse o superintendente Aldair Rocha.
O promotor de Justiça Luiz Alcântara, da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap), por sua vez, adiantou que alguns dos prefeitos deverão ``ser chamados à responsabilidade``.