Sonho de Eunício em comandar o PMDB nacional vira pesadelo

Depois de 40 anos de filiação ao partido e três mandatos na Câmara dos Deputados, o senador eleito Eunício Oliveira (PMDB) já contava os dias para, a partir de janeiro de 2011, assumir o posto mais importante de sua carreira política: a presidência nacional do PMDB. Ontem, no entanto, o atual comandante da sigla, Michel Temer, deu sinais de que o sonho do cearense pode ter sido adiado.

Em Brasília, Temer disse que, ao vestir a faixa de Vice-Presidente da República, não irá renunciar ao cargo no partido, mas apenas se licenciar. Assim, ao invés de Eunício, quem passa a orientar os caminhos peemedebistas no Brasil é o senador Valdir Raupp (RO), o segundo na hierarquia da legenda atualmente.

O cearense só assumiria caso Temer abdicasse da vaga e houvesse nova eleição no PMDB. Quando esse momento chegasse, Eunício já estaria preparado. Conforme ele garantiu  na última terça-feira, uma articulação prévia já teria sido feita com diversos setores do partido, para que não haja surpresas. “O nome natural é o meu”, adiantou.

No mesmo dia – antes, portanto, das declarações de Temer –, o senador eleito chegou a afirmar que “não faria sentido” a hipótese de o atual chefe da legenda resolver apenas tirar licença.

Ontem, em entrevista ao jornal O POVO, da Suíça, Eunício quis deixar claro que não ficou surpreso ou decepcionado com a decisão do colega. Ao ser questionado, disse que não irá procurar Temer para tentar convencê-lo a renunciar, mas alertou que, por enquanto, “não tem nada definido”.

“Ninguém pode impor a Michel que ele renuncie. O que existe nas conversas internas do partido é que, havendo vacância, eu sou o candidato. Há um compromisso”, reiterou o deputado, que deve retornar ao Brasil no próximo domingo.

De acordo com o deputado, o possível mandato de Raupp dura até março do próximo ano, quando, obrigatoriamente, o PMDB terá eleição para a presidência.

Força e poder

Essa não é a primeira vez em que Temer atrapalha os planos de Eunício. Em 2009, o cearense já estava de olho no comando do partido. O caminho ficou livre devido à indicação de Temer para a presidência da Câmara dos Deputados.

À revelia das articulações do parlamentar cearense, no entanto, não houve eleição. Assim como poderá ocorrer este ano, o peemedebista-optou pela tirar licença.

O interesse no posto não é à toa. Liderar o PMDB é ter nas mãos a força do maior partido do País, com a maior bancada no Senado e a segunda mais numerosa da Câmara, a partir de 2011. Apesar de muito heterogêneo, internamente, o PMDB é visto como estratégico para a base aliada de qualquer governo.

No pleito deste ano, o partido ganhou ainda mais poder ao garantir uma perna no Executivo federal. Temer deverá ter mais influência no Governo Dilma Rousseff (PT) do que os vice do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O comando do PMDB também pode acabar se tornando um trampolim político para Eunício. O cearense abriu mão até mesmo de estar no páreo para a sucessão de José Sarney (PMDB) na presidência do Senado.”

O POVO
 

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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