Após nova rodada de negociação com representantes do governo do Estado, os professores da rede estadual de ensino - que paralisaram suas atividades há exatamente 60 dias - decidiram pela permanência da greve. A decisão foi aprovada por unanimidade, no início da noite de ontem, em assembleia geral da categoria realizada no Ginásio Paulo Sarasate, apesar de o governo ameaçar com processo administrativo caso não retornem ao trabalho.
O presidente da Associação dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, explicou que, pela primeira vez, o governo do Estado acenou com a possibilidade de que os níveis de referência - que vão de um a 30, conforme a graduação do docente - venha a ser observado no pagamento do piso salarial estipulado por lei federal, e que corresponde a R$ 1.187,00.
Admitiu, contudo, que o assunto não constou em ata durante a rodada de negociação, contando com a presença do chefe de gabinete do governador, Ivo Gomes, e da secretária de Educação do Estado, Izolda Cela. "Há uma perspectiva de repasse dos níveis de forma escalonada", disse Anízio, comentando, porém, que Ivo Gomes chegou a ameaçar de demissão, por processo administrativo, caso a partir da próxima sexta-feira aconteça o retorno ao trabalho. "Mas nós não aceitamos isso".
A rodada de negociação de ontem também contou com um integrante da Comissão de Educação da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do Ceará (OAB), Edenir Martins.
Na reunião com os representantes do governo, o comando de greve enfatizou que espera que o governador Cid Gomes não sancione a mensagem enviada à AL e que foi enfaticamente repudiada pelos professores. O dirigente da Apeoc, Anízio Melo, esclareceu que "reivindicamos a não punição e o não pagamento da multa que já chega a R$ 260 mil, além de autonomia para as escolas para que decidam a reposição das aulas por conteúdo e não por dia letivo".
Anízio lembrou que o governo chegou a ameaçar de demitir quem não retorne ao trabalho e o prazo para avaliação desse assunto seria a próxima sexta-feira. Para ele, as ameaças não são elementos de pressão, "quando deveríamos ter uma negociação que reconheça os direitos dos professores".
Para hoje (05), está marcada mais uma reunião entre integrantes da Secretaria de Educação do Ceará e representantes da Apeoc na sede da promotoria de defesa da educação do Ministério Público Estadual.
Já amanhã, as lideranças dos grevistas buscarão manter nova rodada de negociação com o governo do Estado. E na sexta-feira, às 15 horas, acontece nova assembleia geral, ainda com local a ser definido, possivelmente o ginásio Paulo Sarasate. "Vamos anunciar o local exato pela internet", informou Sidney de Oliveira. (Fonte: Diário do Nordeste)
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