Revista Iguatu Semanal entrevista um dos comerciantes mais antigos de Iguatu



Iguatu Semanal - Nome completo, data de nascimento e local onde nasceu?

Geraldo - Meu nome é Geraldo Severino Barros, mas sou conhecido como 'Geraldo do Alumínio'. Nasci no dia 30 de abril de 1930, em São José do Rio do Peixe na Paraíba, mas me considero iguatuense de coração.

Iguatu Semanal - Fale sobre seus pais.

Geraldo - Meu pai foi capataz de um grande fazendeiro em Lavras da Mangabeira e a minha mãe era artesã - fazia panelas e utilitários de barro.

Iguatu Semanal - Identifique sua família.

Geraldo - Fui casado duas vezes. Minha primeira esposa se chamava Francisca Cesário da Silva (in memorian). Convivemos por trinta e oito anos e tivemos onze filhos, que são: João Bosco, Geraldinho e Maria Oneide (in memorian) e vivos são: Maria Auxiliadora, Maria Ineide, Francisco, Antonio Hernandes, Ronaldo, Valdeginio, Genival e Francisco Sergio - o caçula. E, sem jeito de continuar sozinho, conheci Luzia Rosa de Jesus, conhecida por Lúcia, com quem convivo há 23 anos.

Iguatu Semanal - Qual a sua idade ao chegar a Iguatu e onde residiu?

Geraldo - Cheguei a esta terra aos doze anos de idade e fui morar na Rua sete de setembro.  

Iguatu Semanal - O senhor é filho único?

Geraldo - Não. Tenho mais seis irmãos - Francisco Odilon, Chagas, Raimundo, Sebastião e Zezinho.

Iguatu Semanal - Fale um pouco sobre a sua vida.

Geraldo - Comecei a trabalhar aos doze anos de idade, no serviço de Rodagem. Eu transportava 600 carrinhos de terra e dormia debaixo de lona nas margens das estradas.

Iguatu Semanal - em que outras atividades trabalhou?

Geraldo - Trabalhei na CIDAO como chapeado ou carreteiro, ou como queiram chamar.

Iguatu Semanal - Como iniciou a vida de comerciante?

Geraldo - Bem, juntando economias, comprei uma cesta de palha e a enchi com alho, cebola e outras miudezas, e saí vendendo. Percorria a cidade inteira e até bairros e sítios vizinhos à pé. Isso mesmo, à pé. Passei fome e frio e muitas vezes, dormi em chiqueiros. Mas queria vencer. E comprei uma banca e passei avender em frente ao Mercado Público (hoje Bradesco). e foi lá que montei o meu comércio e permaneci por dezenoves anos e meio. Durante esse tempo fiz muita economia e comprei um prédio a Heliê Félix - na época, por 70 mil réis, e continua sendo o meu prédio de negócios até hoje. Mas para fechar esse negócio, travei uma batalha muito grande; imagine que, no ato do fechamento, outro interessado ofereceu 90 mil réis. Mas, homem de fibra e de palavra, Heliê Félix respondeu: "o prédio pertence ao seu Geraldo". E vale lembrar que, além de tudo, ele parcelou a venda em seis vezes.

Iguatu Semanal - Em poucas palavras, como o senhor resumiria o Geraldo do Alumínio.

Geraldo - Como um homem honesto e que, acima de tudo, acredita muito em Deus. Tudo que consegui na vida, foi com muito esforço, sacrifício, humildade e amor a Deus e ao trabalho.

Iguatu Semanal -  O que me diria para encerrar?

Geraldo - Agradeceria. Primeiro a Deus. Depois, aos meus clientes que mantém uma fidelidade de mais de 50 anos e, por último, aos que me têm como um amigo...E a você, por lembrar de fazer essa entrevista. Espero ter sido útil, porque para mim, foi muito gratificante.

(Entrevista concedida a Afrânio Marcos)


Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

1 Comentários

  1. um trabalho muito bem feito ,nao so bem feito mas merecido.
    no brasil existe milhôes de pessôas assim,
    batalhadoras e honestas ne entanto nao sâo lembradas,gostei do trabalho
    e da historia de vida tambem...

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