Justiça aceita denúncia contra os "aloprados"

O juiz Paulo Cézar Alves Sodré, da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Mato Grosso, transformou nove acusados de envolvimento na compra de um dossiê contra políticos do PSDB durante a campanha eleitoral de 2006 em réus do processo. O episódio ficou conhecido com o “escândalo dos aloprados”.

A decisão foi tomada pelo juiz no último dia 15 de junho, seis anos depois de integrantes do PT supostamente ligados à campanha do então candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, terem sido acusados de tentar comprar um dossiê com acusações contra o tucano José Serra, que disputava a sucessão do governador Geraldo Alckmin.

Os nove réus são Gedimar Pereira Passos, Valdebran Carlos Padilha, Jorge Lorenzetti, Expedito Afonso Veloso, Osvaldo Bargas, Hamilton Feitosa Lacerda, Fernando Manoel Ribas Soares, Sirley da Silva Chaves e Levy Luiz da Silva Filho. A denúncia, apresentada à Justiça Federal no dia 14 de junho, aponta suposta formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, declaração de informação falsa em contratos de câmbio e crime contra o sistema financeiro.

Relembre o caso

O escândalo do dossiê dos “aloprados” veio à tona na noite de 15 de setembro de 2006, quando a Polícia Federal (PF) prendeu Padilha e Passos em um hotel próximo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um total de R$ 1,7 milhão. A origem da maior parte do dinheiro segue desconhecida. Na denúncia, a procuradoria diz que os laudos do exame financeiro não comprovaram que os recursos tiveram origem de campanhas eleitorais.


Ainda de acordo com a procuradoria, a atuação do grupo tinha como finalidade interferir na campanha eleitoral de 2006 ao governo de São Paulo, prejudicando o candidato do PSDB.

O termo “aloprados” foi utilizado pelo próprio ex-presidente Lula ao comentar, na época, o escândalo envolvendo petistas. "Porque um bando de aloprados decidiu comprar um dossiê, porque tem uma denúncia, eu quero saber do conjunto da obra (do governo). Se tem um candidato que não precisava de sarna para se coçar, era eu”, disse Lula na ocasião, rechaçando qualquer envolvimento de sua campanha ou da cúpula do PT com o episódio.

A foto da "montanha" de dinheiro foi mostrada para todo o Brasil às vésperas do primeiro turno das eleições daquele ano e apontada por analistas políticos como o principal motivo para que a disputa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tucano Geraldo Alckmin fosse para o segundo turno. No pleito para o governo do Estado, Serra derrotou Mercadante no 1º turno.

A imagem também levou ao afastamento do delegado Edmilson Pereira Bruno, responsável pela investigação. Por ordem do então superintendente da PF Paulo Lacerda, a arma e a carteira funcional do delegado foram apreendidos. O processo criminal foi arquivado pelo MPF que não considerou crime o fato de o delegado ter divulgados as imagens. Dinheiro não é documento sigiloso, foi o argumento do MPF.



Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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