O ex-ditador egípcio Hosni Mubarak foi condenado ontem à prisão perpétua pelo Tribunal Penal do Cairo, que o considerou culpado pela morte de 850 manifestantes durante a revolução que levou a sua renúncia, em fevereiro de 2011. A Procuradoria Geral ordenou o envio de Mubarak à prisão de Tora, no sul do Cairo, onde sofreu uma crise cardíaca na chegada. Seus advogados prometem recorrer da decisão.
Também foi condenado à prisão perpétua o ex-ministro do Interior Habib al Adli pela mesma acusação, enquanto seis de seus ajudantes acabaram absolvidos por não haver provas indubitáveis de sua implicação, segundo o tribunal.
A Promotoria pedira a pena de morte para Mubarak, acusado de ter ordenado disparos contra os participantes dos protestos que eclodiram em 25 de janeiro de 2011. Por outro lado, a corte, presidida pelo juiz Ahmed Refaat, absolveu Mubarak, seus dois filhos, Alaa e Gamal, e o empresário Hussein Salem, processado à revelia, das acusações de enriquecimento ilícito e danos aos fundos públicos por considerar que esses delitos prescreveram. Mubarak, com óculos escuros e em uma maca, escutou impassível a leitura da sentença.
Houve incidentes depois de lida a sentença, pelo que os agentes de segurança intervieram. O chamado "julgamento do século" no Egito começou em 3 de agosto de 2011, após a detenção de Mubarak e de seus filhos em abril desse mesmo ano na localidade litorânea de Sharm el-Sheikh. O processo, com um expediente de 60 mil páginas, se desenvolveu ao longo de 49 sessões, que, ao todo, somaram 250 horas, lembrou Refaat.
Centenas de policiais, apoiados por blindados do Exército, fizeram a segurança na frente ao Tribunal Penal do Cairo. Dezenas de manifestantes partidários e opositores de Mubarak se concentraram no local para acompanhar o julgamento. Alguns dos simpatizantes do ex-presidente levaram retratos de Mubarak, que foi chefe do Estado egípcio durante três décadas.
Recurso
Os advogados de Hosni Mubarak informaram que irão apelar contra a condenação à prisão perpétua do ex-ditador do Egito pelas mortes de manifestantes. Eles têm 60 dias para apresentar um recurso à Justiça, disse Mahmoud Hashim, advogado de dois ex-assessores do Ministério do Interior que foram julgados com Mubarak sob a mesma acusação, mas acabaram absolvidos por falta de provas.
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