Vaticano - O papa Bento XVI, que renunciará ao pontificado no próximo dia 28, celebrou, ontem, sua última grande missa, na qual se mostrou visivelmente emocionado com o afeto dos fiéis e denunciou que a divisão no clero e a falta de unidade desfiguram o rosto da Igreja.
Diante da Basílica de São Pedro lotada, o papa rezou a missa da quarta-feira de Cinzas, que abre a Quaresma, e destacou a importância do testemunho de fé e da vida cristã de cada um dos seguidores de Cristo para mostrar a verdadeira cara da Igreja. O pontífice acrescentou que, no entanto, muitas vezes esse rosto "aparece desfigurado".
"Penso em particular nos atentados contra a unidade da Igreja e nas divisões no corpo eclesiástico", afirmou o papa, que acrescentou que é preciso viver a Quaresma de uma maneira intensa, superando "individualismos e rivalidades".
Bento XVI também disse que Jesus denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento de que buscam o aplauso e a aprovação do público". "O verdadeiro discípulo não serve a si mesmo ou ao público, mas ao Senhor, de maneira singela, simples e generosa", ressaltou o pontífice.
Em sua segunda aparição pública após o anúncio da renúncia, o religioso falou sobre sua decisão e pediu orações pela Igreja. "As circunstâncias sugeriram que nos reunamos em torno do túmulo de São Pedro para pedir pela Igreja neste particular momento, renovando nossa fé em Cristo. Para mim, é a ocasião para agradecer a todos quando me disponho a concluir meu ministério e para lhes pedir que me tenham em suas preces", disse.
Emoção
Fiéis que lotaram a Basílica de São Pedro ovacionaram de pé Bento XVI numa emotiva despedida. Num gesto excepcional, os bispos presentes tiraram suas mitras em sinal de respeito, e alguns choraram.
A missa deveria ter sido celebrada numa Igreja de Roma, mas foi transferida para a Basílica a fim de que mais fiéis pudessem assisti-la. Ainda assim, centenas ficaram do lado de fora.
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