Icó pode virar um pelourinho. Por Fabrício Moreira

A nossa Ribeira do Salgado do Icó (CE) têm 300 (trezentos) anos de história e tradição! O nosso rico acervo arquitetônico, espalhado em nossas ruas largas, planas e becos estreitos, está fincado casarões, sobradões, e, muitas residências em estilo barroco autêntico.

No então governo Fernando Henrique Cardoso houve investimentos vultosos e dezenas de nossos prédios históricos foram recuperados com toda sua originalidade possível, principalmente, a “Casa de Câmara e Cadeia; Igrejas do Rosário, Senhor do Bonfim e Monte; o Sobrado do Canela Preta e o Teatro da Ribeira dos Icós”.

Admirado, o nosso patrimônio histórico, tem sido muito visitado por estudantes universitários; professores; arquitetos; engenheiros civis; cidadãos de toda federação e amantes da beleza arquitetônica dos tempos festejados de nossa entusiasmada cidade.

Registre-se, que o então governador cearense, Lúcio Alcântara, um apaixonado por história e muito religioso, sempre esteve presente para visitar nosso patrimônio e, não mediu esforços, para que o projeto “monumenta”, do governo federal, fosse posto em prática, à época, recuperando nossos prédios antigos.

O engenheiro Kildare Colares; Neto Nunes, então prefeito, o poeta e ex-secretário de cultura do Icó, Getúlio Oliveira, são testemunhas disso. Além deste escriba, à época, vice-prefeito icoense.

Não se pode perder de vista, também, que os nossos historiadores Miguel Porfírio e Altino Afonso, sempre foram guardiões de nossa história, defensores intransigentes dos sobradões com suas originalidades.

Foram, inclusive, ameaçados de morte por uma minoria míope que não tinha sensibilidade “para com estes prédios velhos” (sic), dizia de forma equivocada àqueles que queriam, até mesmo, demolir os sobrados, idem, a nossa história.    

O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, hoje, em parceria com algumas instituições e moradores do município, mantém a vigilância para com a legislação e, de certo modo, a originalidade não seja desviada do foco de todo o projeto em curso, até quando de seu tombamento solene e oficial.

A Universidade Federal do Ceará - UFC, foi outra importante instituição, que colaborou com o acervo histórico icoense.  

Porém, existem ainda muitas resistências do trabalho da nobre instituição no município. Umas, apenas inconsequências daqueles que não entendem, repita-se, o seu dever como defensor incondicional de nosso Largo do Theberge, sítio histórico, etc.

Outros, afirmam, que os responsáveis pelo escritório do IPHAN em Icó, embora bem intencionados, são muito intransigentes, uns “radicais” como dizem no jargão popular.

O ponto mais criticado, em apertada síntese, é relacionado às cores dos prédios tricentenários.

O Pelourinho, em Salvador, é todo colorido. Uma Beleza! Em Recife, também; ou seja, os prédios têm cores fortes e bem ao estilo arco-íris.

Em Fortaleza, no espaço Dragão do Mar e adjacências, igualmente, os prédios antigos são bem coloridos, bonitos, simpáticos, e não desmerecem suas originalidades e histórias.

Em Icó (CE), pasme, difere dos demais centros históricos em referência, mesmo tendo a mesma legislação federal cabível à espécie como fonte de admoestação, em casos necessários.

As nossas igrejas, fincadas no “Largo do Theberge” e “Rosário”, são riquíssimas em detalhes. Porém, a cor posta é branca. Sem graça alguma, embora, tenham as grossas e gigantes portas verdes.

Os nossos prédios mais bonitos estão todos pintados de “amarelo”, idênticos, que chega a ofuscar tamanha beleza arquitetônica.

O IPHAN tenta nos convencer que somos diferentes de Fortaleza, Olinda, Rio de Janeiro, Pelourino, e de outros municípios. Não tem sido crível a discussão.

O município, por sua secretaria de cultura, pediu permissão para pintar a “Casa de Câmara e Cadeia” de “Salmão” (é uma gama de cores pálidas entre laranja-rosado e laranja).

O IPHAN prefere um amarelo, que de já tão utilizado, esconde a magnitude daquele lindo espaço cultural.

Vejo que esta discussão já avançou muito. E o IPHAN tem todo o nosso carinho e respeito por este corajoso trabalho.

Ademais, já chegou mais que a hora de amadurecermos alguns pontos e partir por mudanças, principalmente de cores, sem que ocorra qualquer atropelo para com as leis; as pessoas, e as instituições envolvidas neste caso.

E VIVA A NOSSA HISTÓRIA!
E VIVA OS NOSSOS BELOS PRÉDIOS HISTÓRICOS!

(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado, contista e membro da Associação Patrimônio Vivo).


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