Crise faz 3 hospitais deixarem de atender SUS e maternidade fechar


Crise financeira ameaça a oferta de serviços em hospitais públicos do interior do Estado. Em Aracati, a Maternidade Santa Luísa de Marillac, único hospital de pediatria e obstetrícia da microrregião, deve fechar as portas em março. A decisão foi tomada após a administração da unidade afirmar não ter mais condições de mantê-la, uma vez que a Prefeitura de Aracati ainda não quitou uma dívida de R$ 462.544,00.

Sem salários desde outubro de 2016, obstetras, pediatras e anestesistas do Santa Luísa de Marillac deixarão de atender a partir de 1º de março. A instituição realiza por mês 140 partos e 1.100 atendimentos pediátricos, em média. Segundo Júnior Porto, administrador da unidade, o déficit mensal de R$ 150 mil motivou o encerramento das atividades, após 60 anos. “As prefeituras de Aracati, Icapuí e Itaiçaba devem R$ 462,5 mil, R$ 61,7 mil e R$ 42 mil, respectivamente”.

Já o Hospital do Coração do Cariri e os hospitais Santo Antônio e São Vicente de Paulo, em Barbalha, devem suspender atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dado o déficit superior a R$ 4 milhões.

No Hospital do Coração do Cariri, 125 pacientes esperam cirurgias cardíacas. Uma delas é a professora Edinalva Santos, 43, que aguarda a cirurgia há um ano. Ela conta que está sob cuidados paliativos enquanto aguarda o procedimento. A espera se repete nos hospitais Santo Antônio e São Vicente de Paulo, onde 84 pacientes aguardam radioterapia e 79, quimioterapia.

Até o próximo dia 1º, todo o atendimento pelo SUS pode ser cancelado nos três hospitais no Cariri. De acordo com Egberto Santos, gestor de projetos dos hospitais do Coração e Santo Antônio, as dívidas ultrapassam R$ 2 milhões. Ele explica que a situação ocorre por defasagem na tabela SUS e no teto financeiro no contrato das unidades, sem atualização há 16 anos.

Segundo Egberto, com o teto mensal é possível fazer, em média, 30 procedimentos, como angioplastias e implantes de marcapasso. O número é considerado por ele “ineficiente”, dado que a unidade atende pacientes de todo o Cariri.

O hospital São Vicente já suspendeu serviços de radioterapia e quimioterapia. O secretário-executivo da unidade, Ernani de Freitas, aponta que a dívida supera R$ 2 milhões. O Hospital e Maternidade Santo Antônio, que atende cirurgias gerais, clínica neurológica e UTI, mesmo com dívidas em torno de R$ 250 mil, ainda mantém os atendimentos.

Por nota, o Ministério da Saúde afirma que a tabela SUS não é a única forma de custeio e que os recursos são enviados aos fundos estaduais e municipais, “a quem compete gerenciar e distribuir a verba”.

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) disse que manda mensalmente R$ 660 mil para o Hospital São Vicente de Paulo; R$ 270 mil para o Hospital e Maternidade Santo Antônio; R$ 270 mil para o Hospital do Coração do Cariri; e R$ 156 mil para o Santa Luiza de Marilac, estando em dia com os pagamentos.

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