Ceará vira centro de distribuição de droga e esconde guerra de facções


A morte do primeiro nome do PCC (Primeiro Comando da Capital) fora de um presídio, o "Gegê do Mangue", mostrou como o Ceará se tornou um Estado fundamental no mapa do tráfico de drogas no país. Gegê foi morto na quinta-feira (15) ao lado de um comparsa, em uma reserva indígena em Aquiraz, na Grande Fortaleza. 

As mortes motivaram o envio, pelo governo federal, de força-tarefa ao Estado e levaram o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a afirmar que o Estado é estratégico para o tráfico de drogas, de forma que "quem conquistar o Ceará, conquista o Nordeste."

Mas o que está por trás de tamanho interesse do PCC e de outras facções --e até de criminosos internacionais-- com o Ceará?

O interesse pelo Estado começou a ser prospectado no final da década passada, quando o trabalho das polícias coibiu com mais rigor a entrada de drogas pela tríplice fronteira, no Paraná, especialmente as vindas do Paraguai. Os traficantes então passaram a usar outro trajeto para trazer e distribuir drogas em território brasileiro.

Com isso surgiu então a rota Solimões, trajeto que corta o Norte, para ingresso de drogas no Brasil vindas especialmente da Bolívia --o domínio dessa rota é um dos pontos-chave do desentendimento entre as facções FDN (Família do Norte) e PCC (Primeiro Comando da Capital). O ponto de escoamento e distribuição dessa droga é justamente o Ceará --de onde os entorpecentes são distribuídos para Europa e para outros Estados do país.

O cenário de violência no Estado traz indícios da relevância da região para o crime organizado. Em menos de dois anos, nomes importantes do tráfico de drogas nacional e até internacional foram presos ou mortos em território cearense. Um deles foi Alejandro Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC. Alejandro foi preso em Fortaleza pela Polícia Federal em março de 2016.

Em dezembro daquele ano, foi a vez de Chepa, grande traficante mexicano, ser detido no Ceará. Ele era apontado como um dos três líderes do cartel mexicano de drogas "Jalisco Nova Geração" --a CJNG, considerado o mais violento do país. Ele estaria de férias com a família, segundo a versão oficial, mas a suspeita é que ele prospectava mercado de drogas no Ceará.


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