Operação da PF incomoda PMDB

As últimas ações da Polícia Federal fizeram acender o pisca-alerta no PMDB. Há três semanas, foi realizada uma ação no diretório do partido no Ceará, cujo objetivo foi procurar supostos materiais de campanha antecipada do deputado Eunício Oliveira. Há dois dias, foi a vez de um diretor do Banco da Amazônia (Basa), apadrinhado dos peemedebistas de Rondônia. E, agora, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foi alvo de busca da PF no Ceará, justamente no mesmo dia em que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, desembarcou no estado para mais um ato da série de balanços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Logo que ela chegou, o presidente da Funasa, Danilo Forte, tentou mostrar simpatia: “Ministra, a imprensa quer nos colocar um contra o outro”. Dilma, em tom sério, cortou a conversa no ato. “Falaremos disso outra hora”, disse ela, seguindo para seus compromissos pré-agendados. O balde de água fria que Dilma jogou no PMDB cearense vem justamente no dia em que a maior prefeitura peemedebista no estado, a de Iguatu, teve um engenheiro detido dentro da Operação Fumaça, desencadeada ontem pela PF, e que jogou os holofotes sobre a Funasa e os municípios do estado onde Danilo é candidato a deputado federal e Eunício Oliveira a senador.

Dado o prestígio de Eunício, que já foi ministro das Comunicações, a ação da Polícia Federal no mesmo dia da visita de Dilma ecoou em Brasília. Deputados do PMDB comentam nos bastidores que, se a ministra deseja o apoio dos peemedebistas, deve começar prestigiando seus aliados e não os afastando, e separar as ações policiais das suas viagens. Dilma é vista como uma aliada do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, na guerra para troca de comando na Funasa. Se vai conseguir não se sabe. Por enquanto, Danilo continua em processo de desgaste e há uma guerra no PMDB para ver quem indicará seu sucessor, na hipótese de seu afastamento.

Na Operação Fumaça, a Polícia Federal apurou irregularidades em obras públicas, e que tiveram a participação de servidores da Funasa em supostos desvios. Foi a segunda em menos de um mês, onde os alvos foram as áreas de saneamento básico e habitação. Em 25 de maio, a PF fez várias prisões em cidades de Tocantins, inclusive de engenheiros da fundação. Na ocasião, chegou a ser pedida a prisão do coordenador do órgão, negada pela Justiça. Danilo Forte interviu na instituição de imediato e determinou uma varredura nas licitações pendentes, além de suspender pagamentos e contratos com empresas suspeitas.

Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), nenhuma das irregularidades descobertas até agora pela Polícia Federal estão relacionadas ao PAC. Muitas delas aconteceram há pelo menos quatro anos, quando o programa ainda não existia.

*Correio Braziliense

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem