Cassação dos mandatos do casal Capiberibe: verdade está vindo à tona

A Folha de São Paulo desde 17 de novembro passado se dedica a desvendar as nuvens negras que pairam sobre o caso da cassação dos mandatos da deputada federal Janete Capiberibe e do senador João Capiberibe, parlamentares do PSB do Amapá, em 2004, acusados de terem comprados dois votos por R$ 26,00 cada, pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Logo depois das eleições de 2002, os dois foram acusados da suposta compra pelo PMDB, interessado nas duas vagas que seriam abertas com a cassação dos dois mandatos.

O Ministério Público Eleitoral não acatou a denúncia e o TRE do Amapá os absolveu.

O PMDB recorreu ao TSE, que reformou a decisão do TRE regional, apesar das evidências de que tudo não passava de uma farsa.

João e Janete recorreram ao STF, que em sessão conturbada, que terminou empatada foi decidida pelo voto do presidente da Corte, que optou por confirmar a sentença do TSE, desprezando o princípio pró-réu.

Mais da metade dos senadores reagiu no plenário do Senado contra a decisão do STF, por achá-la esdrúxula.

Mesmo assim, as duas Mesas Diretoras do Congresso Nacional cumpriram a decisão.

Agora, seis anos depois, por conta da Lei Ficha Limpa, novamente o TSE reforma uma decisão do TRE do Amapá que deferiu o registro de Janete e João.

Janete, que em 2006 havia sido eleita novamente deputada federal com a maior votação proporcional do país, foi reeleita, mantendo o título de a deputada mais votada do país.

João Capiberibe foi eleito senador derrotando novamente o senador que se beneficiou de sua cassação em 2004.

Em meio a esse imbróglio de um raio cair de novo nas mesmas cabeças, surgiu um fato novo.

O operador da farsa montada para cassar João e Janete, que desde 2008 já havia confessado o crime, decide reiterar a confissão pouco antes da eleição desse ano ao MPE.

Sentindo o cheiro de queimado na história que começou em 2002, os repórteres Lucas Ferraz e Rubens Valente, da Folha de S.Paulo remontaram passo a passo o caso a fim de dissipar as nuvens negras que pairam sobre o mesmo.

É tudo tão estranho, que o operador da farsa foi esfaqueado na semana passada, no município de Laranjal do Jarí, o que pode ser um assalto, mas também pode ser um crime de mando.

In loco, a repórter Kátia Brasil, da Folha de S.Paulo, segue pistas para localizar e ouvir as misteriosas testemunhas que incriminaram o casal Capiberibe, através de uma declaração em cartório com o mesmo teor e apenas a troca dos nomes das acusadoras.

Se conseguir seu intento, Kátia conseguirá um furo jornalístico, pois até hoje nenhum jornalista conseguiu localizar as duas testemunhas.

Vale frisar, que a Folha de S.Paulo pode estar perto de desvendar um dos maiores erros da Justiça Eleitoral do país e quem sabe evitar que ele sirva para punir novamente dois inocentes com base na controvertida Lei da Ficha Limpa.

Bem fez o TRE do Amapá, que por estar próximo dos fatos, considerou Janete e João Capiberibe eleitos.

Blog da Adriana Vandoni

Luiz Vasconcelos

O redator do blog tem formação acadêmica pela Universidade Estadual do Ceará na área de Pedagogia, no entanto, tem grande predileção pelo jornalismo.

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