Lixão de Iguatu produzindo fumaça tóxica para a população |
Instalado em 1989, o lixão de Iguatu está saturado. De tão cheio, os detritos já ocupam o acostamento da Rodovia CE-282, no Bairro Chapadinha. A poucos metros do asfalto, a presença da rampa causa má impressão a quem passa pela via, uma das principais de acesso a esta cidade. A rampa dificilmente terá condições de uso por mais um ano. O dano causado ao meio ambiente é visível.
Além da contaminação do lençol freático, existe outro grave problema que é a poluição provocada pela queima do lixo. A fumaça, no início da noite, encobre parte da cidade e os mais afetados são os moradores da Vila Cajazeiras. Em determinada época do ano, com o vento em direção à área urbana, as famílias sentem o mau cheiro e o incômodo causado pela fumaça. Idosos e crianças são os mais prejudicados.
A população local enfrenta problemas alérgicos e respiratórios. “A nossa situação é de sofrimento. Tem noite que a fumaça cobre tudo e a gente mal consegue respirar”, queixa-se o vendedor Antônio Duarte, morador da Vila Cajazeiras.
Nesta cidade, não há coleta seletiva de lixo. O lixão recebe detritos orgânicos e inorgânicos. O entulho se espalha e ocupa toda a área original do aterro, invadindo áreas vizinhas. O problema agravou-se nos últimos dois meses com a temporada de chuva.
Os catadores montaram barracas e trabalham cada vez mais próximos do asfalto. “Essa é uma realidade triste e vergonhosa”, disse o representante comercial, Eduardo Barroso, que mensalmente viaja a esta cidade. “A cada ano o problema se agrava”. A situação do lixão piorou desde a década passada. Em 2002, reportagem publicada no Diário do Nordeste, no Caderno Regional, já mostrava o excesso de detritos no local. Na época, técnicos da Semace notificaram o Município acerca da inviabilidade de funcionamento e consideravam o lixão saturado. De lá para cá, houve aumento significativo de depósito de lixo e a consequente expansão da rampa.
Ainda em 2002, a Prefeitura de Iguatu informou que havia sido feita licitação para a aquisição de uma nova área, que deve entrar em funcionamento ainda naquele ano. A ideia era implantar um aterro sanitário, seguindo projeto da Semace, que constatou a saturação do lixão.
Passados nove anos, o impasse está firmado. O lixão é uma evidente agressão ao meio ambiente e a construção do aterro sanitário, que seria a solução para o destino final do lixo produzido pelos moradores desta cidade, está proibida judicialmente e com recursos suspensos em decorrência da apuração de denúncias de improbidade administrativa decorrente da Operação Fumaça, desencadeada pela Polícia Federal.
Recentemente, o juiz da 1ª Vara do Fórum de Justiça, nesta cidade, José Batista de Andrade, julgou procedente Ação Civil Pública encaminhada pelo Ministério Público Estadual e proibiu a continuação da construção do aterro sanitário. De acordo com a Prefeitura, que vai recorrer da decisão, 90% das obras estão concluídas.
Diário do Nordeste
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