Em novo estudo, o CDC (Centers for Disease Control - Centros para o Controle de Doenças), um dos órgãos governamentais americanos responsáveis pelo enfrentamento da pandemia, reconhece que a infecção prévia com o coronavírus SARS-CoV-2 confere proteção que atua em sintonia com a imunidade obtida pelas vacinas. A imunização por infecção prévia e a imunização vacinal contribuem para a imunidade de rebanho, um limiar majoritário da população a partir do qual podemos considerar que a doença está vencida.
O estudo, com primeira autoria de Tomás M. León, do Departamento de Saúde Pública da Califórnia, agregou dados de infecção, hospitalização, testagem e imunização de maio a novembro de 2021 nos estados de Nova York e Califórnia, que têm quase 20% da população americana. A população da amostra, de adultos com 18 anos ou mais, foi dividida em quatro grupos:
Não-vacinados e ainda não-infectados (sem proteção).
Vacinados em duas doses e ainda não-infectados (com proteção vacinal).
Não-vacinados e já infectados (com imunidade natural).
Vacinados e já infectados (com dupla proteção).
Na comparação com o grupo sem proteção, os que tinham só proteção vacinal tiveram um risco 20 vezes menor de pegar covid, o que demonstra a proteção conferida pela vacina. Este risco foi de sete a dez vezes menor entre os que tinham imunidade natural, e de oito a dez vezes menor entre os vacinados com infecção prévia. Esses resultados se referem ao início de maio, antes de a variante delta ser prevalente.
No fim de junho e em julho, a variante delta tomou conta dos casos e criou um novo cenário que o estudo captura no início de outubro: comparados aos sem proteção, a proteção vacinal reduziu o risco de covid em quatro a seis vezes, a imunidade natural em 15 a 30 vezes, e a dupla proteção em 32 a 20 vezes. Portanto, contra a delta, uma sinergia entre vacina e infecção prévia foi o melhor cenário para os indivíduos.
A expectativa com a variante ômicron é que rompa ambos os tipos de proteção com mais facilidade, mas cause uma doença bem mais leve e comparável à gripe. Como é a variante mais infecciosa do vírus que já surgiu, no entanto, pode ser que ocupe os hospitais, mas em análises preliminares, como na cidade de Londres, não parece que este é o caso.